Você sabe a importância da vedação por rolha ou outros materiais no vinho? E porque hoje vemos tantos vinhos com lacres metálicos? Vem comigo que eu explico…
A vedação tem papel essencial no vinho. O material com o qual é confeccionado mais ainda e diz muito sobre o vinho que se está degustando.
Joana Mesquita, Relações Públicas da Amorim e Irmãos, maior produtor de rolhas do mundo explica divertidamente:
Quando abrimos uma garrafa de vinho e tudo está perfeito, ninguém lembra da rolha. Mas se há algum problema, a rolha é a primeira a ser acusada. Ela é como o mordomo do filme de suspense.
Mas porque a maioria dos vinhos possui vedação de cortiça? Esse material – utilizado desde o século XVII na vedação dos vinhos – foi escolhido por suas qualidades naturais: elasticidade, aderência, longevidade e permeabilidade.
O cultivo da cortiça, no entanto, é lento e custoso, o que levou a busca de alternativas para vedação dos vinhos. Outro fator determinante foi o aumento de contaminações pelo TCA, que provoca aromas desagradáveis de mofo na bebida e é conhecido pela palavra francesa bouchoné
Mas o vinho sem rolha de cortiça é ruim? O de cortiça sempre estará contaminado?
Não necessariamente. Para entender melhor como funciona, explico quais os tipos de vedação disponíveis no mercado:
As rolhas de cortiça possuem formatos e características que as diferenciam e direcionam para os vinhos que melhor se adaptam:
- Rolha maciça: Feita de cortiça maciça, é considerada a de melhor qualidade. Geralmente utilizadas em vinhos com maior potencial de guarda, pois suas ranhuras mínimas permitem a microoxigenação que ajuda na evolução do vinho sem descompensá-lo.
- Rolha de aglomerado: Feita de cortiça moída e cola a partir da sobra das rolhas maciças. Sua durabilidade e elasticidade são menores. Usada para vinhos que podem envelhecer, mas não necessariamente.
- Rolha de champagne: É feita por duas partes, em forma de cogumelo. A parte de cima é feita de um aglomerado muito rígido, sem elasticidade. A parte de baixo é feita de cortiça maciça. Abaixo são colados dois discos de um conjunto aglomerado.
- Rolha 1 + 1: Dois discos na extremidade de um corpo aglomerado.
Além das vedações com cortiça, hoje muitos vinhos usam vedantes alternativos que não comprometem a qualidade do produto e são recomendados em vários tipos de vinho.
- Rolha sintética: Chegaram ao mercado em 1990 e são mais baratas. Impedem a microxigenação, a contaminação pelo TCA e permitem a guarda em pé do vinho. São otimas para vinhos que não dependem de tempo de guarda.
- Tampa de rosca – Screw-cap: Usada desde os anos 60 na Austrália., é uma tampa de metal vedada internamente por um plástico inerte. Tem baixo custo, fácil manuseio, da possibilidade de se manter a garrafa em, pé e de manter o produto livre de TCA e é ótima para brancos leves, que devem ser tomados jovens (viram o post anterior?? ) bem como tintos leves sem necessidade de guarda.
- Rolhas de vidro As ‘rolhas’ de vidro (Vino-Lok) foram criadas em 2003 por uma empresa da Bohemia (República Tcheca), mas ainda são uma novidade. Sendo de vidro, são completamente inertes, evitando-se que transfiram aromas ao vinho. Também não correm o risco de contaminação por T.C.A. A vedação é garantida por um anel de silicone.Vem sendo muito utilizadas em Rosés da Provence e em vinhos de sobremesa.
- Rolhas Capsuladas – T-cork: A rolha capsulada é uma rolha de cortiça natural em cujo topo é colocada uma cápsula. Esta cápsula pode ser de madeira, PVC, porcelana, metal, vidro ou outros materiais. A rolha capsulada é geralmente utilizada em vinhos licorosos/generosos ou em bebidas espirituosas que, quando saem para o mercado, estão prontos a serem consumidos.
- Oak Master: No centro da rolha é colocado um circulo de carvalho (americano ou francês, e com todas as possibilidades de tostagens da barrica). Isso deixa o vinho com “sabor de madeira”.
Sabe aquele ditado “cada panela tem sua tampa”? Com o vinho também funciona assim. Com a evolução científica e tecnológica cada vinho foi ganhando seu vedante mais adequado com o intuito de preservá-lo e de proporcionar ao apreciador a melhor experiência possível.
As rolhas são mais charmosas? Com certeza! Mas não é pela falta delas que você vai deixar de provar um excelente rótulo não é?! Então esqueça o preconceito e bom vinho!
Até a próxima coluna, Keli Bergamo.