Primeiramente…. Não é essa uva parente da irmã do He-man… Nem se pronuncia da mesma forma.
Se você é xxxxovem e não se lembra:
Prazer, essa é a She-ra, irmã do He-man.
Aqui estamos falando de uma uva extremamente aromática, potente e uma das minhas favoritas, que além de tudo, é uma excelente alternativa à cabernet sauvignon.
A Syrah (ou Shiraz) tem no norte do Vale do Rhone na França seu provável berço e lá origina vinhos especiais como das denominações de Hermitage e Côte Rôtie. O Domaine des Tourettes do produtor Delas, é importado pela Grand Cru e custa R$959,00.
Também produz excelentes vinhos no sul da França (adoro os do Languedoc), no Douro (Portugal) e na Austrália, onde origina diferentes estilos conforme a região de cultivo e vinhos de grande profundidade quando de uvas das poucas vinhas velhas preservadas do massivo e equivocado arranque indiscriminado do início da década de 80.
Um dos meus rótulos favoritos vindos da Austrália é o Schild Estate, da região de Barossa, com muita tipicidade e calor. Um rótulo perfeito para entender as nuances dessa casta em climas quentes. Custa R$219,20 na Decanter.
A Syrah tem a capacidade de preservar suas características mais marcantes (como os aromas de pimenta negra, por exemplo) independente do terroir onde foi cultivada, mas ganha personalidades diferentes que a tornam deliciosamente multifacetada.
E por último provei um vinho recém lançado dessa casta pela Miolo, com uvas cultivadas la no Vale do Rio São Francisco e que me deixou muito surpresa. O Vale do Rio São Francisco é uma região muito jovem de produção de vinhos e vem buscando sua identidade. Seus espumantes moscatéis são incríveis (imagine o grau de maturação das uvas naquele clima!) e alguns tintos também surpreendem.
O Testardi foi recém engarrafado e precisa de um tempinho de aeração para se mostrar. Inicialmente trazia aromas de solo, poeira, dia seco (qualquer semelhança com seu berço não é mera coincidência) e aos poucos se abriu em frutas negras e aromas apimentados e sutilmente florais. Baita vinho interessante. Harmonizamos com um picadinho bem condimentado e ficou delicioso. Custa R$169,00 no site da Miolo.
Mas porque syrah ou shiraz? Os dois nomes são corretos, mas o primeiro é o jeito francês de chamá-la e o segundo como a denominam na Austrália. Aliás, a forma como vem escrita no rótulo é um indicativo do seu estilo. No Chile, por exemplo, há rótulos com as duas grafias e ambos os estilos dessa maravilhosa casta.
Só não chame de She-ra, tá?
E harmonize com carnes, preferencialmente com acompanhamentos que levem uma pimentinha ou um outro tipo de condimento picante.
Até a próxima coluna, Keli Bergamo.