Seu Cocktail Faz “Chica Chica Boom Chic”?

Maria do Carmo Miranda da Cunha, eternizada nos rádios, na TV e no cinema como Carmen Miranda, ficou famosa pelas músicas que expressavam uma tropicalidade brasileira. Nas letras e no ritmo imprimia-se uma estética carnavalesca, e um de seus símbolos mais alegóricos foi o chapéu de frutas. 

_ “Que raios isso tem a ver com cocktail?” 

TUDO!

A estética é parte importante da gastronomia, e como os cocktails alimentam o corpo e a alma, também se encaixam na necessidade de encher os olhos, antes de encher a boca.

Para além das taças que vestem os líquidos e moldam os drinks, um detalhe que não pode passar despercebido para completar os copos, e tão importantes para uma excelente apresentação dos sabores e aromas, é o GARNISH. Ou, em bom português, a guarnição.

_ “Aquele ENFEITE, Morandi?”

É! Popularmente pode até ser conhecido como enfeite. É fato que qualquer suco de limão mixuruca vira um evento ao ganhar aquela clássica rodela pendurada na beirada do copo. O que dirá o colorido e celebrado guarda chuvinha que vira e mexe é autorizado a voltar às misturas de diversos balcões mundo afora. 

Por isso, o bom garnish tem uma função bem mais ampla e nobre para além da ornamental. Além de adornar sua bebida, tem também a função de complementar sensorialmente o conjunto da obra. Ele adiciona textura, cor, sabores e aromas. Esse é o bom garnish. Por isso é tão comum em cocktails clássicos a finalização com uma singela e elegante casca de cítrico.

Para que você não caia no erro de se lançar no artesanato de fazer um sol de limão, que além de estragar um limão inteiro vai ainda te atrapalhar a tomar sua bebida, vão aí algumas dicas para dar o toque certo na finalização da sua obra de arte líquida.

1- MENOS É MAIS

Qual a diferença entre excêntrico e esquisito? Evite emperequetar muito sua bebida, porque a Carmen até arrasava, mas vai você sair com chapéu de banana e mamão na rua, pra você ver.

Algumas coquetelarias, como a TIKI, possuem essa característica de garnishes exagerados. Se é isso que você procura, seja feliz, mas saiba que a elegância da simplicidade também cativa demais.

 

2- GIN TÔNICA NÃO É SALADA

Aproveito o momento para lembrar que na coquetelaria tudo que você adiciona precisa estar harmonizado, tanto sabor, quanto aroma e também estéticamente. Com a super popularização dos GTs, muitos entusiastas se entusiasmaram muito (com o perdão da redundância) e aproveitaram as taças bojudas e espaçosas para completar com: 

“saquinho de chá, xaropes coloridos, sucos, refrigerantes, folhas de hortelã, manjericão, louro, alecrim, tomilho, zimbro, pimentas, anis, canela, cravo, limões, laranjas, frutas picadas, licores…”

Percebem? 

3- DIGA SIM AOS CÍ(M)TRICOS (tentei um jogo de palavras)

Harmonizam com virtualmente qualquer outro ingrediente. Trazem frescor, acidez, contraponto de sabor e aroma.

Você pode não gostar dos limões, mas eles gostam de você. Eles gostam de todo mundo.

Invista no bom zest ou twist: cascas de cítricos que podem ser “borrifadas” quando espremidas sobre o cocktail. Passe na borda na taça para potencializar os aromas. 

4- TÁ ACHANDO QUE TIKI É BAGUNÇA?

Cocktails Tiki podem até apostar em copos exagerados, cores, guarda chuvinhas, cerejas, folhas de abacaxi, especiarias e afins, mas até o tiki tem equilíbrio e bom senso. 

Pesquise o Mai Tai, o Hurricane, o Zombie entre outros clássicos pra se inspirar nos garnishes

5- FRUTAS DESIDRATADAS

Fáceis de acondicionar, pois possuem uma vida útil bem maior, as frutas desidratadas funcionam bem para embelezar cocktails, além de que quando desidratadas costumam concentrar aromas e sabores. 

Procure na sua cidade. Muitos bartenders estão comercializando essas belezinhas pra você levar pra casa.

6- PAISAGISMO GASTRONÔMICO

Abuse de folhas que trazem aromas: hortelã, manjericão, tomilho, alecrim, louro, alfavaca, arruda… 

Uma dica valiosa, porém, é a de não colocar um galho triste inteiro e cabisbaixo na bebida. Junte um punhado vistoso em bouquet e organize as folhas. Dê uma leve apertada ou esfregue de leve na mão para ativar os aromas e acomode com zêlo num local apropriado do copo ou taça, entre outros elementos como fatias de cítricos ou especiarias. Utilize as pedras de gelo para segurar bem as folhas na bebida.

Flores comestíveis também são bem vindas. Cuidado para não virar o Burle Marx.

7- INVISTA EM ENERGIAS RENOVÁVEIS

O petróleo tá por fora. Evite mexedores, badulaques, bonequinhos ou o que quer que seja feito de plástico dentro de um cocktail. Pode usar? PODE! É de bom tom? Não! Não é de bom tom. 

Falando em petróleo, canudo NÃO é garnish.

8 – CHUCHU DE CHERNOBYL

Cereja é um clássico. Tem cocktail que nem leva cereja, mas o ideário popular encaixa uma redonda vermelha lá com uma facilidade grande. 

Já que você vai colocar uma cereja, evita a radioatividade. Algumas marcas já oferecem cerejas amarenas, que são bem saborosas.
Uma boa alternativa é aproveitar as datas em que encontram-se com facilidade cerejas naturais nos mercados. Aproveite o fim da época para comprar um monte delas no precinho, e faça suas próprias conservas. Funciona também com acerolas, jabuticabas, amoras e framboesas.

9- DRY MARTINI NÃO É PETISCO

A azeitona pode ser utilizada em diversos cocktails para dar um toque salgadinho, condimentado e untuoso. Funciona no famigerado Dry Martini, mas também em cocktails com amargos e tequilas. Inclusive, adoro em Spritz

São usadas também outras conservas salgadas como cebolinhas em conserva, picles de pepino e alcaparras.

ATENÇÃO: não é pra montar um pratinho de tira gosto na tacinha, ok?

10- ZOOLÓGICO DE FRUTAS

Adoro café-da-manhã de hotel. Que saudade de uma mesa farta de pães, biscoitos e frutas. Quem teve o privilégio de passar por essa instituição da hotelaria por volta dos anos 80 e 90 sabe que a arte fazia parte da apresentação das guloseimas. Não tinha um mamão triste. Tudo era estilizado. Banana virava golfinho, abacaxi virava papagaio e melancia virava tartaruga. Já vi até mico-leão-dourado feito de manga. Que regozijo.

Os anos 90 tinham uma estética toda própria. Funcionava demais. Era sofisticado demais. Funcionava. Lá nos anos 90.
Longe de mim botar regra no seu prazer líquido, mas tem coisas mais proveitosas para fazer com essas frutas. Colocar dentro do cocktail, por exemplo.

 

Anota aí essas dicas e se liga no IG do @arquitetandoestilos que vai rolar REELS com dica de garnish pra ajudar vocês na prática.

Beijos. Não reaproveite os garnish (nem se não tiver ninguém olhando). 

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