“Eu só bebo vinhos com mais de 95 pontos do Parker.”
“Eu comprei esse vinho porque ele ganhou como melhor vinho do mundo em um concurso.”
Atire a primeira rolha quem não tem um amigo que só toma vinhos “premiados” ou “pontuados” só porque acham bacana dizer isso….
Pois então chegou a hora de conversarmos sobre esse tema e entendermos de uma vez por todas que nem sempre pontos ou premiações são sinais de satisfação para o consumidor do vinho.
O Brasil ainda tem um mercado jovem de consumo e por isso mesmo somos os preferidos para as grandes “pegadinhas” quando o assunto é vinho. Há poucas semanas contamos aqui sobre os Reservados, que não representam exatamente o que se pensava e surpreendemos muita gente…
Pois agora vamos desvendar um pouco das tais pontuações e premiações dos vinhos…
Existem especialistas, grandes conhecedores, bancas julgadoras, enólogos, sommeliers, revistas e jornalistas especializados no mundo todo que opinam sobre vinhos. Alguns ganham enorme notoriedade, seja por sua competência, seja porque alcançaram um grau altíssimo de aceitação entre seus leitores, seja porque dizem o que o mercado gosta de ouvir.
Independente disso, possuem força em suas opiniões e são capazes de transformar o consumo mundial do vinho ditando tendências. Foi isso que fez o maior crítico de vinhos do mundo, Robert Parker, que entre o final da década de 70 e início da década de 80 nos condicionou ao consumo de vinhos mais potentes e amadeirados os quais, só agora, mais de 30 anos depois, vem perdendo um pouco de espaço. O lado bom da “era Parker” foi o fomento aos produtores de Novo Mundo, que ganharam notoriedade e muito espaço.E a diversidade só nos beneficia!
Além de Parker, existem outros tantos rankings especializados como de Jancis Robinson, James Suckling, Wine Spectator, Decanter Magazine…
E só porque pontuaram muito bem um determinado vinho isso será garantia de que você gostará? Não necessariamente. A única garantia da pontuação é de que o preço do vinho irá subir, pois as pessoas buscarão conhecê-lo, saber o que tanto agradou ao pontuador. Mas se não tiver seu estilo de vinho, a decepção pode ser grande.
Digo isso porque, tendo degustado tantos vinhos, hoje sei que alguns perfis de degustadores não me atraem tanto e, se ele gostou, eu talvez não ache tanta graça assim. Não é um preciosismo da minha parte, é uma constatação de quem prova muuuuuuuuuuitos vinhos diferentes todo ano e sabe do que gosta.
E os concursos? Esses são ainda mais temerosos. A coluna de hoje, aliás, nasceu pela dúvida de um amigo que leu em um grande site de notícias: “Vinho Chileno vence como o melhor do mundo.” e já queria comprar uma caixa do tal campeão.
Muita calma nessa hora….
Primeiramente: Existem milhares de concursos do mundo e nenhum deles abrange todos os vinhos de uma categoria. O produtor envia os vinhos para degustação e as vezes concorre apenas com ele mesmo… Isso pode levar à falsa impressão de que foi o melhor do mundo, mas ele apenas, digamos, ganhou por W.O (sim, isso acontece). Não estou dizendo que é o caso desse vinho ou desse concurso especificamente, mas apenas ressalto: não saiam comprando loucamente um vinho porque um post patrocinado qualquer trouxe uma manchete atrativa. Se ficar curioso, compre uma ou duas garrafas. Se valer a pena espalhe a notícia.
Existem concursos sérios? Claro que existem!! No mundo do vinho sempre há os dois lados da moeda. O que não existe é milagre.
Minha dica: Prove o máximo de vinhos possíveis (chega dessa mania de comprar vinhos iguais sempre) e encontre seu estilo, sua uva, sua procedência preferida. Isso vai te ajudar a comprar melhor sem cair nas estratégias de marketing ou no papo furado de alguns vendedores mal intencionados.
Até a próxima coluna, Keli Bergamo.