Hoje vamos quebrar paradigmas, fugir do óbvio e revolucionar o cardápio de bebidas das festas de fim de ano!
Quero te deixar com vontade de experimentar algo diferente neste Natal e também no Reveillon, então vamos ao que interessa.
Historicamente, temos o hábito de estourar champanhe nessa época do ano, Cidra também são frequentemente procuradas, até mesmo aqueles negócios carbonatados com adição de saborizantes de frutas variadas a $5cão nos mercados… Quero te mostrar que podemos buscar no mundo da cerveja, características bastante comuns no mundo dos espumantes, tais como textura, aroma, sabor, gás carbônico, complexidade, dulçor, etc…
Vou deixar algumas sugestões de garrafas para suas comemorações, reparem na diversidade de sensações que você poderá se deparar, é possível sim gastar pouco, ou, se preferir, investir um pouco mais.
Seja qual for a sua escolha, não tenho dúvida, você vai acertar.
DeuS Brut des Flandres: uma rara perfeição feita por mãos humanas, ela é única e, para muitos, a melhor cerveja já inventada. Eu sou uma das pessoas que concordam com tal afirmação. Aqui temos uma receita que segue à risca a produção de um tradicional champanhe francês. Sua fabricação começa na Bélgica e termina na região de “Champagne” na França. Ela é produzida pela tradicionalíssima cervejaria belga chamada Brouwerij Bolsteels, recentemente adquirida pela gigante AB – Inbev. Seu estilo, Bière Brut (ou Bière de Champagne), é um dos mais difíceis de se encontrar e também de se produzir, devido à complexidade e aos altos custos envolvidos. Absolutamente tudo nela é divino, a começar pela linda cor dourada que parece brilhar como o sol, note sua espuma, abundante e persistente, branquinha que cola na taça. O aroma e o sabor são capazes de causar euforia, lhe envolvem de tal maneira que sua mente quase sucumbe à tentativa de tentar decifrar seus mistérios e encantos. Ela vai trazer notas agudas herbais e cítricas, um dulçor fulminante porém confortável persiste na boca, deixando o palato limpo e pronto para um novo gole. Especiarias como manjericão e tomilho e frutas como casca de laranja, limão e abacaxi aparecem ao longo da degusta. Ufa! Use uma taça de champanhe mesmo para servi-la, esse é o recipiente ideal. O valor pode ir de $300 a $480 reais atualmente, é aconselhável pesquisar antes, para não pagar além do que realmente o mercado pratica.
Suricato Flêtcha-Flêtcha: essa versão é envasada pela Dádiva, uma das melhores cervejarias artesanais do Brasil na minha opinião. Ela tem como base uma Saison belga, mas refermenta na garrafa com Brettanomyces (um tipo de levedura selvagem que traz uma alma diferente à cerveja) e que tem um pesado dry-hopping (técnica que intensifica os aromas) de lúpulo e ainda adição de casca de limão-bergamota. Sim, ela é bastante complexa, elegante e diferente de tudo o que você provavelmente já tenha experimentado. Costumo brincar com nossos amigos dizendo que ela é a cerveja que mais nos faz lembrar a DeuS, pois ela traz muitas semelhanças com a criação do velho mundo. Notas cítricas evidentes, textura “sparkling” seca, dulçor residual e ligeiro fundo herbal são percebidos no aroma e no sabor. Sua principal diferença em relação a Deus é o amargor perceptível no retrogosto. Pontos positivos: excelente custo-benefício, ela vai de $39 a $49 reais e tem fácil acesso, uma cerveja que vem sendo fabricada ao longo do ano, portanto, não é tão difícil de encontrar, basta procurar nos locais especializados.
Morada Cupuaçu Brut: virou rotina a cervejaria de Curitiba nos presentear com suas alquimias de final de ano. Desta vez, a deliciosa Cupuaçu Sour serviu de base para esta Bière Brut que leva doze meses para ficar pronta. Ela tem 11,5% de álcool, apenas 7 IBU, acidificada com Lactobacillus sp., e ph de 3,5. Há bastante pressão dentro da garrafa, sempre é bom cuidar ao abrir esse tipo de bebida. Deite bem a taça ao servi-la, pois haverá abundante formação de espuma. Note uma presença frutada intensa no nariz e na boca, acidez acentuada, calor alcoólico e textura “sparkling” comum entre os fermentados de uva. Ela saiu nas versões 750ml e 1500ml, os preços variam de $130 a $260 e são facilmente encontradas em lojas do ramo.
Dádiva Vivant Saison Printemps: outra cerveja que traz características singulares e complexidade superior. Base de Saison, apenas 5,5% de álcool, mas de uma elegância absurda. Ela também refermenta com Brettanomyces e tem pêssego na composição. No aroma e no sabor as notas frutadas aparecem com facilidade, carbonatação alta com as levedurinhas selvagens fazendo a festa dos entusiastas. Aqui na loja vendemos ela a $119. Infelizmente ela foi produzida apenas uma vez, ainda é possível encontrá-la por aí, não perca tempo.
Boon Kriek: um espetáculo belga facilmente encontrado em território nacional, depois de seis meses envelhecendo em barris de carvalho é adicionado uma quantidade elevada de cerejas pretas, isso causa uma segunda fermentação nos barris trazendo um terceiro subproduto, natural, fresco, agridoce, ligeiramente azedo e inesquecível. Nada de aromatizantes, colorantes ou saborizantes, tudo é feito de forma espontânea pelas leveduras selvagens criando uma atmosfera frisante bastante peculiar. Ela é uma Lambic – Kriek de apenas 4% de álcool com as cerejas predominando em todos os aspectos.
Essas são algumas das opções mais legais do mercado atualmente, é claro que existem centenas de outras possibilidades, mas isso levaria tempo e cansaria você leitor.
Desde que comecei a trabalhar com cervejas especiais esse perfil de bebida tem me feito companhia nas comemorações de fim de ano, procuro sempre abrir algo com essas características ou alguma garrafa que esteja há alguns anos guardadinha na adega, tenho sido surpreendido desde então, pois a cerveja tem um leque bastante superior de possibilidades sensoriais.
Espero que todos tenham um Natal maravilhoso e um começo de ano espetacular.
Mais um ano de missão cumprida, nada melhor que uma belíssima cerveja artesanal para coroar essa vitória.