É neste período de transição outono-inverno que observamos um aumento crescente de sintomas respiratórios que limitam nossas atividades diárias e comprometem nosso bem estar. Isso sem falar nas crianças e idosos, os mais prejudicados pela própria suscetibilidade imunológica.
Quer seja quadros infecciosos, tanto virais quanto bacterianos e descompensação de doenças alérgicas como Asma e Rinite ocorrem neste período pois o ar encontra-se mais seco, a temperatura mais baixa e há uma maior tendência em ficar em ambientes fechados favorecendo a circulação de vírus e bactérias.
Já que estamos todos suscetíveis, quais seriam medidas práticas a serem tomadas no dia a dia para que possamos minimizar estes problemas?
- Manter a casa bem arejada e limpa.
- Lavar ou higienizar com álcool gel as mãos várias vezes ao dia, principalmente após entrar em locais públicos.
- Cobrir a boca e nariz ao espirrar ou tossir, usando lenços descartáveis.
- Alimentar-se e hidratar-se bem.
- Evitar locais fechados e com excesso de pessoas.
- Evitar idas frequentes a Pronto Socorros, pois são ambientes com alta probabilidade de contaminação.
- Vacinação anual Anti-influenza
- Tratamento preventivo das alergias respiratórias evitando seu agravamento.
Informação de vital importância é que a Vacina Anti-influenza é composta de um pool de vírus que muda a cada ano de acordo com os vírus circulantes do período com potencial elevado de gravidade. Ela é específica e composta de partículas virais mortas, portanto segura e incapaz de provocar doença em pessoas vacinadas.
Assim, ela não protege contra outros vírus e, talvez por isso algumas pessoas fazem afirmações equivocadas de que a vacina “não funciona” ou “ teve mais gripes no ano em que tomou a vacina”. Existe uma infinidade de vírus circulantes e isso corrobora a necessidade de se tomar as medidas preventivas acima descritas.
Sempre importante recordar que usar antibióticos sem a devida orientação médica só traz malefícios. A maioria das infecções é causada por vírus e usar antibiótico não trará nenhuma vantagem. Uma higiene nasal bem feita, várias vezes ao dia, pode ser de melhor valia.
E a vitamina C? Ajuda? Não há evidências científicas de que somente o uso da Vitamina C possa proteger contra infecções específicas. No entanto o consumo de vitaminas e sais minerais, como a própria vitamina C, são benéficos ao nosso organismo.
As alergias respiratórias – Rinite e Asma – tem ainda mais um agravante no inverno visto que a mais comum sensibilização em nosso país são os ácaros domésticos e estes encontram condições ideais para sua proliferação neste período. Atentar no controle ambiental e caprichar no tratamento preventivo são de fundamental relevância para se evitar exacerbações e complicações.
A complicação mais comum da Rinite são os quadros de Sinusite que comprometem e muito o dia a dia desde crianças , adultos e idosos. Em crianças pequenas também podem ocorrer Otites infecciosas e Otite serosa, o popular “catarro no ouvido”. Isso sem falar nas tosses que se perpetuam por muitos dias com claro prejuízo à qualidade do sono e de produtividade.
Já a asma por si só pode se agravar devido a falta ou má aderência aos tratamentos preventivos. Sim, a Asma tem tratamento preventivo! E são altamente eficazes com um variado arsenal de boas medicações. Erro não incomum pensar-se que por ser doença crônica não deve e não possa ser tratada. Vide o Diabetes, a Hipertensão…
Processos infecciosos podem advir de um agravamento da Asma evoluindo para Traqueobronquites e até mesmo Pneumonias com necessidade de tratamento hospitalar.
A Asma é uma doença que atinge mais de 6 milhões de brasileiros, podendo a grande maioria ser controlada com medicamentos convencionais e, no caso de ser alérgica podemos dispor também de Imunoterapia específica. Em alguns casos de maior gravidade já podemos lançar mão de mais uma classe terapêutica, os chamados medicamentos biológicos ou imunobiológicos, que prometem otimizar a vida do paciente com Asma grave não controlada. Uma boa e grande novidade.
A Imunoterapia específica ou Vacinas alergênicas são conhecidas popularmente como Vacina para Alergia. Trata-se de uma terapia já bastante estudado há mais de 100 anos com eficácia comprovada desde que corretamente indicada, utilizando extratos de qualidade e acompanhamento médico regular visto que soma-se ao tratamento já utilizado pelo paciente visando otimizar o manejo da doença e prevenir novas sensibilizações. Consiste em dar a própria substância que o paciente é alérgico em doses crescentes e progressivas, seja via subcutânea ou sublingual, melhorando seus sintomas e qualidade de vida. Imunoterapia tem sua eficácia comprovada em casos de alergias respiratórias, como Asma e Rinite, Conjuntivites alérgicas, reação a picadas de insetos himenópteros ( abelha, vespa e formiga) e Dermatite atópica. Diferentemente de outras intervenções, a Imunoterapia específica é a única forma terapêutica que visa tratar a causa e não os sintomas e que proporciona melhora, a longo prazo, das doenças alérgicas , as quais se mantém mesmo após o término da Imunoterapia. O tempo de tratamento é longo, de 3 a 5 anos.
Certo que não existem fórmulas mágicas ou mesmo garantias inquestionáveis, contudo boas práticas reduzem, e muito, complicações de quadros inicialmente leves.
Até a próxima,
Ana Paula Juliani.