Dentro dos estúdios de pilates, é muito comum que nós, como profissionais, ensinemos os movimentos aos nossos alunos/pacientes, e isso parece fácil, mas pode ser bem desafiador. Existem inúmeras maneiras de ensinar e obter um feedback mais preciso para execução dos exercícios.
Como instrutora de Pilates há mais de 8 anos, já adaptei meu “jeito” de aplicar o método algumas vezes. Por muito tempo administrei meus atendimentos, demonstrando cada exercício aos pacientes, forma comum para os instrutores contemporâneos. Porém, aos poucos fui adaptando para a condução somente através do comando verbal, algo mais praticado pelos instrutores de Pilates Clássico.
Você acha possível conduzir as aulas de pilates apenas com comando verbal?
A princípio essa parece ser a forma mais fácil de aplicar o método, porém fazer com que o feedback/comando que você escolheu, seja efetivo para todos alunos/pacientes da mesma forma é que se torna um desafio ainda maior.
Quando orientamos nossos alunos através do comando verbal, estimulamos a concentração, a audição e a imaginação. No primeiro momento ele vai achar estranho, por não ter estimulo visual do instrutor demonstrando mas, aos poucos, ele vai criar o hábito de reconhecer o exercício pelo comando e, gradativamente, isso vai se tornando cada vez mais fácil.
Mas para que você consiga dar aula somente com comando de voz, é necessário treinar muito e ter o domínio total do que você irá passar, pois vai ter que conduzir cada movimento de forma detalhada, desde a posição inicial até a mudança para o próximo exercício.
Além disso, deverá fazer as devidas correções e adaptações que forem necessárias, para que a execução do exercício esteja cada vez mais fluida e controlada, baseada nos princípios que o método propõe. A Linha clássica utiliza de sequencias de exercícios, já em ordem definida, como Joseph Pilates fazia, e isso propicia uma fluidez e ritmo para as aulas, pois o aluno já está familiarizado com o repertorio, este é um método que vale a pena ser praticado e estudado.
Assim como foi para mim, é bem comum que os profissionais do Pilates atendam cinco, ou mais aulas seguidas. Com a execução intensa e prolongada dos exercícios tem-se uma sobrecarrega física considerável, e com certeza ele não vai conseguir trabalhar assim por muito tempo.
Por isso, introduzir o comando verbal em sua aula de Pilates, junto com o estimulo tátil, pode trazer benefícios tanto ao seu aluno, quanto para o seu próprio corpo e evitar o cansaço.
Mas aí vem uma questão: a maioria das pessoas correspondem melhor a estímulos visuais, então por que não utilizar a demonstração dos exercícios?
Ao demonstrar o exercício, criamos um senso de comparação e idealização de movimento, onde o aluno/paciente, vai desejar executar da mesma forma que o instrutor, e sabemos que isso nem sempre é possível, cada pessoa tem suas limitações, o que gera uma certa frustração para o aluno que não conseguiu realizar da mesma forma que o instrutor. E essa sensação de incapacidade provavelmente fará com que esse aluno desista das aulas de Pilates.
Quando utilizamos o comando verbal e associamos a condução do aluno pelo tato, estimulamos outros sentidos, que não é somente o visual, onde ele por si mesmo vai criar uma coordenação e percepção do seu corpo no espaço e do movimento que ele está executando. Experiência esta, que favorece a adaptação do sistema proprioceptivo, em decorrência dos comandos (feedback) que estão recebendo do meio externo, e a concentração durante as aulas, precisando estar atento a tudo que está sendo explicado.
Por tanto, estimular seus alunos através do comando verbal e estimulo tátil, é benéfico para as duas partes, e o aluno vai experienciar uma pratica intensa, que ativa tanto seu corpo quanto sua mente, como o próprio mentor do método preconizava.
Pilates é a completa coordenação entre corpo, mente e espirito.
Joseph Pilates