Uma bagunça em forma de criança não tão criança, que completa vinte anos em menos de um mês e não sabe como chegou aqui, que as vezes olha para trás e pensa sobre os diferentes caminhos que poderia ter tomado.
Mas não tomou.
Foram justamente os que eu caminhei que me trouxeram até aqui, vivendo uma pandemia, tentando manter a quarentena e o bom humor tudo junto em um pacote único.
Eu sou uma bagunça quando, todas as noites, eu penso sobre o meu dia e agradeço, mas também tenho medo aliado a questões filosóficas e penso qual será minha função nesse mundo porque ela parece cada vez mais distante a cada consulta com a psicóloga.
Sobre isso:
Achei que ia tomar um rumo com a terapia, até tomei, mas também descobri que aquela Gabriela linda e perfeita dos meus sonhos não existia e que aqueles surtos ou momentos de tristeza repentinos não eram algo normal – e tinham fundos nas minhas inseguranças. Estou tratando disso.
Existe uma bagunça quando dia após dia acordo pronta para riscar as mil e uma atividades que eu não tinha tempo para fazer e agora tenho: Desde dançar no chão da sala até aquele aplicativo fitness que criava teias de aranha na memória do meu celular.
Eu sou uma confusão que gosta de escrever – disso não há dúvida – mas que, as vezes, não tem inspiração e percebe que é melhor ignorar, sair, ver o pôr do sol, ler um livro, um texto, pra só depois voltar.
Sou uma bagunça que pergunta: o que estou fazendo dessa vida, por que estou aqui e principalmente o que me mantém viva? Não sei ainda, mas quero continuar, continuar com as mesmas perguntas, as mesmas transformações, os mesmos objetivos e outros também. Quero mudar e permanecer a mesma, pode isso?
Quero ser contraditória, metamorfose ambulante, sou geminiana; preciso disso, ou não, quem sabe? Quero continuar conversando com Deus e pensando quem fui nas vidas passadas… Mas eu não era católica? Espera…
E principalmente quero continuar escrevendo. Escrever desfaz um pouco desse nó bagunçado da minha alma. Organiza as gavetas confusas da minha mente, nunca o suficiente porque, no fundo, eu gosto de ser uma bagunça.