Esse texto vai ser uma carta aberta de uma aluna do Ensino Remoto Emergencial para os papais e mamães e vou começar pelo principal: Não, seu filho não é um preguiçoso.
Eu sei que tudo nesse “novo normal” dá uma leve sensação de facilidade, afinal não precisamos mais nos locomover, gastar tempo com transporte, reuniões…
Tudo é feito do controle da sua casa, mas, como quase tudo assim: essa aparência impecável é mentirosa.
Na minha situação, eu fui apresentada ao ERE há apenas 2 meses e, antes disso, já sentia o cansaço físico e mental de passar horas na frente de um computador – fazendo cursos gratuitos, escrevendo.
Porém antes, eu ainda poderia parar quando bem entendesse e descansar.
Com as aulas são diferentes, faça chuva ou faça sol, a internet pegando ou não, eu tenho que estar lá, ao menos para responder a chamada.
A rotina mudou, mesclou-se com outras. E é complicado manter a sanidade entre as duas.
Antes de eu ser Aprovada, a rotina no cursinho era ainda pior que o ERE, mas tinha um diferencial: eu estava na escola, lá eu não tinha distrações, atividades domésticas e meu único interesse era passar no vestibular
Aqui, longe de Maringá e da faculdade, perto dos meus pais: eu tenho alguns luxos: não preciso cozinhar para comer ou limpar a casa todo sábado. Mas também tenho que lidar com os olhares deles sob as minhas aulas, as cobranças, as tarefas domésticas que eu sempre faço nas férias – e sigo fazendo mesmo agora.
Enfim, tudo mudou.
Exceto as expectativas de todos.
No mundo dos nossos pensamentos, tudo segue perfeitamente normal.
Exceto que não segue.
Foco é, de longe, o pior no meu caso.
Entre tantas atividades, tantos novos interesses; eu me vi perdida entre o que eu fazia antes, o que quero fazer no futuro e tentando conciliar ambos em um presente de dever fazer x fazer x querer fazer.
Não, não é simples.
E, posso apostar, que seus filhos/netos/sobrinhos/primos estão na mesma situação. Assim como seus respectivos professores precisando dar aula para câmeras desligadas: o que me lembra:
LIGUEM AS CÂMERAS, NÃO CUSTA NADA.
Enfim, como toda carta não vou me prolongar – mais do que já prologuei – Papais, titios, primos, irmãos, vovôs não levem na brincadeira essa situação, não.
A saúde mental é importante e é MAIS DO QUE NECESSÁRIA em época de pandemia: não é porque é uma época atípica que você deve achar normal tudo que acontece ou está acontecendo.
Prestem atenção às suas crianças, ao momento delas, ao ERE delas e principalmente:
Repense suas cobranças, suas palavras de “apoio”, elas podem não ser bem vindas nesse período.
Não é um momento fácil para ninguém. Nem pra quem trabalha, nem pra quem “só” estuda.