Considerando que os primeiros interpretes do mundo da criança são o pai e a mãe, os mesmos são os educadores principais para o desenvolvimento do filho.
Não é fácil o papel de educar, principalmente com a educação sexual, que envolve diversos princípios e valores éticos, religiosos, culturais e educacionais, que podem gerar algumas barreiras ou distorções sobre o assunto, ficando difícil de ter uma conversa entre pais e filhos, por ser constrangedor ou por acharem que a conversa irá incentivar o filho a buscar o entrosamento sexual (mais adiante falarei mais sobre isso).
Os professores, parentes, amizades, televisão e a internet também contribuem consideravelmente para o processo de conhecimento e de formação dos valores éticos, a conduta social e o desenvolvimento da sexualidade. Porém, estes outros meios de acesso ao assunto, fica difícil os pais controlarem as informações que chegam até o filho, que podem não serem as corretas, por isso a importância da educação sexual iniciar dentro de casa com os pais e cuidadores. Professores e parentes podem não ter um conhecimento e uma preparação com o assunto, amigos podem incentivar a pontos negativos, as informações da mídia e internet nem sempre são confiáveis. Por isso, vai um alerta também aos pais para saber o que seus filhos assistem na televisão ou o que pesquisam na internet. Na internet podem ter diversas informações úteis, mas também existem muitas coisas que prejudicam o aprendizado correto.
Lógico que os pais não conseguem ter total controle, principalmente com a fase da adolescência, a qual já vão construindo uma independência dos pais. Mas quando existe uma boa comunicação entre pais e filho no processo de educação sobre diversos assuntos desde a fase da infância, facilita para os pais terem uma abertura sempre para pontuar o correto. Quando os pais não conversam, desviam o foco da conversa para não responder, brigam ou mentem para o filho, as “portas de comunicação” vão ficando cada vez mais fechadas, fazendo com que eles não se aproximem para conversar novamente. E é na hora da conversa, que os pais podem pontuar o certo e o errado, isso faz parte da educação.
Muitos pais acreditam que falar sobre o assunto estimula a curiosidade. Estão enganados. Desde criança, já escutam algumas palavras (de amigos, primos, irmãos…), tem acesso à televisão (as novelas e seriados estimulam muito a sexualidade), a internet está ficando mais acessível cada vez mais cedo, ou seja, a criança sem a conversa com os pais, terá muito mais curiosidade, irá procurar em locais com informações inseguras, ela interpretará da sua maneira (nem sempre sendo correta), o que poderá acarretar em problemas.
Analisando o contexto citado acima, é muito mais válido os pais conversarem com os filhos.
Não sabe o que falar? Tente buscar informações, ler sobre o assunto, pois quanto mais informação os pais tiverem, mais preparados estarão para essa conversa.
Muito pais perguntam: “meu filho é uma criança, o que eu falo? ” Em primeiro lugar, não se “descabele” ou demonstre constrangimento. Tenta agir naturalmente (por mais difícil que seja), e devolva a pergunta para a criança, como por exemplo: “o que você sabe sobre isso? ” (Com um tom de voz suave, e não intimidador), que vai dar um tempo para você pensar em uma resposta. Lembre-se, jamais minta ou fique bravo!
Aquela história da cegonha não funciona mais. A criança saberá que não é verdade, e com o tempo e as mentiras ela não irá mais conversar com os pais sobre o assunto. Explique sempre a verdade, lógico, que com o vocabulário de uma criança. Não podemos falar com uma criança do mesmo jeito que falamos com um adolescente, ou com um adulto. Cada fase tem um vocabulário diferente. Mas sempre, a verdade.
O fato de devolver a pergunta para a criança também pode facilitar para os pais formularem a resposta, pois dependendo do que a criança responde, os pais percebem o que a criança queria saber era algo simples, que não precisa de muitas explicações. Se os pais se enrolam para explicar, pode complicar mais o entendimento da criança, portanto, seja direto, pergunte se era isso que ela queria saber, e pronto. Não prolongue muito, pois aí sim a conversa pode ficar enrolada.
Não existe uma idade certa para a criança começar a perguntar sobre sexo, tudo irá depender do contexto em que ela está inserida (casa, escola, amigos, televisão…). Por isso, procure informações sobre o assunto, faça pesquisas, busque a informação correta para passar para eles, e caso achar que precisa de uma ajuda, procure um sexólogo, pois ele irá orientar com a finalidade de tornar este momento de diálogo mais tranquilo.
Quanto mais tranquilidade e menos constrangimento existir na conversa, melhor será para que haja confiança e abertura para o diálogo entre pais e filhos.
A educação sexual faz parte da educação como um todo, portanto, não deixe ela de escanteio.
Boa sorte!
Adriana Visioli