Dando continuidade ao nosso passo a passo para degustar vinhos hoje vou falar de um dos meus momentos favoritos: cheirar o vinho!!
Cheirar o vinho, em minha opinião, é o momento de maior viagem dentro dessa bebida mágica. É pelo olfato que as percepções do local onde foi feito, dos vinhedos e, principalmente, nossas memórias olfativas vem a tona.
Até por isso a percepção é muito subjetiva e depende, além da memória olfativa, de alguns outros fatores:
Fatores externos:
Negativos:
– Conservação inadequada.
– Local de compra.
– Luz, variação excessiva de temperatura, umidade excessiva, trepidação.
– Perfumes e batons, que causam nas sensações olfativas uma desordem completa.
Positivos:
-Boa conservação do vinho em locais frescos e arejados longe da luz solar.
– Serviço correto, em temperatura adequada. Vinhos muito gelados se fecham e no caso dos tintos chegam a ficar mais amargos, o que é provocado pelos taninos gelados. Muito quentes o álcool volatiza e domina tudo, escondendo os aromas que devem ser notados.
– Taças: Taças limpas, transparentes e não lapidadas são as ideais.
Fatores internos:
– A característica de cada casta, ou seja, os Aromas primários: Cada uva tem características diferentes e é comum que mesmo vindo de regiões ou métodos produtivos distintos, apresentem alguns aromas que a tornam facilmente identificáveis, como, por exemplo, o maracujá e frutas cítricas na Sauvignon Blanc.
– O terroir: O local onde o vinho nasceu diz muito sobre ele. Alguns aromas de fruta mais madura, chegando a geleia ou compota, mostram que o vinho veio de uma região mais quente. Vinhos mais ácidos, com aromas mais frescos, por sua vez, geralmente vem de regiões mais frias.
– O método de fermentação, que dá origem aos chamados aromas secundários, que podem ser influenciados pela madeira (em caso de fermentação neste material) ou do próprio processo, como ocorre com alguns aromas que lembram manteiga, nata e outros lácteos.
– O tempo de guarda: Vinhos preparados para o envelhecimento, quando bem acondicionados, desenvolvem os chamados aromas terciários, que tendem a ser mais maduros e elegantes.
Quando eu falo Aroma? Quando eu falo Bouquê?
Aroma é um termo usado genericamente e diz respeito em especial ao cheiro relativamente simples de um vinho jovem.
Buquê significa que, com o envelhecimento e desenvolvimento de um conjunto mais complexo de cheiros, o vinho apresenta aromas em camadas.
Quando eu sei que estou diante de um bom vinho ao cheirá-lo?
O aroma é a pista vital para o caráter de um vinho. Vinho correto é o que não apresenta defeitos óbvios, como cheiro de mofo, de enxofre, excesso de álcool, beirando a acetona, de vinagre, etc…
Além disso, o vinho deve ter equilíbrio: A mistura do vinho deve originar um todo. Acidez, açúcar, tanino, álcool, madeira em sintonia.
Persistência: Um bom vinho deve te deixar senti-lo por um bom período e se transformar na taça. Isso é o que chamamos de complexidade.
Gostaram? Espero que a partir de agora olhem suas taças com outros olhos e, principalmente, a apreciem também com seu nariz.
Ah! A foto linda acima é de um exercício de aromas que fiz com uma confraria há algum tempo. Em cada taça colocamos uma amostra de itens que podemos encontrar nos vinhos. Lembra que falei de memória olfativa? Pois o melhor jeito de aprender a cheirar o vinho é sentir os aromas que nos rodeiam.
Até a próxima coluna, Keli Bergamo.
2 comentários
Concordo plenamente, Keli! Cheirar um bom vinho é o ápice do prazer. Degustar, perceber os outros detalhes e sentir os efeitos relaxantes e anestésicos já ficam em segundo plano! Excelente artigo. Parabéns!!
Obrigada pelo comentário, Wedja! Sem dúvidas depois de nos habituarmos a usarmos os nossos sentidos com o vinho as degustações ficam muito mais prazerosas. Beijo, Keli