O outono já chegou e o próximo verão ainda está longe. Com o vento frio que começa a bater nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, um café é uma boa pedida.
Mas quando falo em café, não quero me limitar apenas na bebida preta que amarga a boca de algumas pessoas só de pensar. Quando digo café penso em todo um ritual: andar até o estabelecimento, abrir a porta de um lugar aconchegante ou moderno, sentar numa mesinha encostada na parede, dar bom dia, boa tarde, boa noite, folhear o cardápio, esperar o pedido numa certa ansiedade, saborear aquilo que pediu.
Café não é só a bebida. É lugar e é momento. Nada impede que seja com amigos, familiares, pretendentes, conhecidos ou só com você mesmo. Na verdade, num café, você nunca está sozinho. Há sempre, pelo menos, você e o café. Um momento que pode ser só seu – e é lá que encontramos respostas, temos ideias e fazemos perguntas. Todo café tem uma certa magia, um certo mistério no ar. Café a dois, a três, a quatro, a quantos quiser.
Na coluna de hoje trago pelo menos um café aqui da cidade. Depois, a agenda cultural desse abril que está só começando.
Música
A banda britânica Neck Deep toca no dia oito de abril em Curitiba. Pela primeira vez na cidade, você pode conferir o som do grupo que toca pop punk e hardcore melódico. O evento vai acontecer no Basement Cultural que fica na Rua Desembargador Benvindo Valente, 260. Os ingressos variam de R$90 e R$180.
Um dos eventos de música eletrônica mais aguardados do ano está programado para acontecer neste mês. No dia 14 de abril acontece a quinta edição do Warung Day Festival. Serão 12 horas de música com 25 artistas que se dividem entre os palcos Warung Stage, Pedreira Stage e Garden Stage. O evento começa ao meio dia na Pedreira Paulo Leminski e a abertura dos portões acontece as 11h da manhã. Os valores dos ingressos variam de R$160 a R$720.
Outro festival muito aguardado pelos curitibanos é o Festival Coolritiba. Já em sua segunda edição, o evento anunciou, no aniversário de 325 anos de Curitiba, novas atrações que marcarão presença. Entre elas estão Emicida, Pitty e Mano Brown que completam as 15 atrações do Festival. O evento vai acontecer dia cinco de maio e mais próximo a data, me aprofundarei sobre mais informações.
Cinema
“Nossas antigas viagens nunca tiveram tantas aventuras, né?” pergunta a personagem Ella ao seu marido John, ambos com seus 70 anos. Ella e John é uma comédia dramática que estreia esse mês em Curitiba. O filme conta a história de um casal que resolve fazer sua última viagem pelos Estados Unidos. Desafiando o incerto, o casal sai para uma road trip de Boston até The Ernest Hemingway Home em Key West.
O longa tem 112 minutos e classificação indicativa de 14 anos. Helen Mirren é a atriz que faz o papel de Ella e você já deve conhecê-la. Uma boa pedida para o final de semana.
Literatura
Uma grande surpresa desse semestre, para mim, foi o encantador livro de contos de Giovanni Martins, O Sol na Cabeça. Rápido, porém, intenso e original, os 13 contos contam desde a infância até a adolescência de moradores da favela do Rio de Janeiro. Assunto como intolerância religiosa, racismo, violência, relação do homem com a arma, a chegada das UPPs faz parte deste pequeno grande livro.
Da Companhia das Letras, o livro já foi vendido para oito países e conta com tradução para língua estrangeira. No site da editora, por R$34,90 você pode viajar por essa realidade, acompanhar o calor do Rio de Janeiro, a delícia de se refrescar nas ondas do mar e, por fim, indignar-se com a desigualdade latente do Brasil.
Exposição
Italiano radiado em Curitiba, Nini Policappelli faz sua primeira exposição no Brasil. Mesmo morando por aqui há mais de 10 anos, o artista expõe suas mais de 40 obras na Fundação Cultural de Curitiba. A entrada é gratuita e o visitante pode conferir um conjunto de cor, substância e dimensão que ganham significados diversos a cada análise. Até o dia 27 de maio, a visitação é aberta de terça a sexta-feira das 9h às 12h e das 13h às 18h. Sábados, domingos e feriados, o horário é do meio dia às 18h, no Memorial de Curitiba (São Francisco).
Café
No começo desse ano, eu e uma amiga resolvemos conhecer, uma vez por semana, um café novo. Nossa saga de ir atrás de diferentes cafés, antigos, modernos, novos, tradicionais, pequenos, grandes, nos fez aproximarmos e estar sempre com o papo em dia.
O café que indico na coluna de hoje é o Supernova Coffee Roasters. O que visitamos foi o da Rua Coronel Dulcídio 544, Batel. O local é bem moderno, com fachada em grande parte de vidro que faz o ambiente ficar bem iluminado.
A decoração é ótima para fotos e é igualmente moderna com a parte de fora.
Sou um grande fã de mesas compartilhadas. Acredito que elas nos fazem compartilhar momentos e nos pede uma boa educação e tolerância com o próximo. Como o dia estava de sol, sentamos na mesa de fora (que é compartilhada) e lá estava uma moça sozinha escrevendo, um homem trabalhando e nós, tomando dois expressos.
Com preço justo e cardápio fiel ao que se propõe, o café é um ótimo lugar tanto para escrever, como para trabalhar, levar os amigos ou ter um encontro. No dia de sol em que fomos, a mesa compartilhada com vista para a rua fez tudo ficar mais bonito e agradável.
Teatro
Assisti nesta semana a peça que indiquei na minha última coluna O Jornal – The Rolling Stone. A peça aconteceu na terça-feira (03/04) às 21h no Guairinha e algumas coisas me chamaram a atenção.
Para começar, ao chegar ao teatro, muitas pessoas estavam na porta de acesso com placas em que se lia “Doe um ingresso para um estudante de teatro”. Aquilo me chamou a atenção por diversos motivos. Primeiro: as pessoas que seguravam as placas eram estudantes, que queriam ver um espetáculo, apreciar, incentivar, prestigiar seus colegas. Lembro que em outros países já vi que, uma vez que as portas do teatro se fecham, estudantes sem ingresso tem os lugares cedidos (uma vez que a peça não teve lotação máxima). Em segundo: no pouco que fiquei do lado de fora, um senhor, já com seu ingresso em mãos, foi a bilheteria e comprou um ingresso para dar a um dos estudantes com a placa na mão. Um gesto inspirador.
Tirando esse primeiro momento, a peça O Jornal, foi incrível. Iluminação impactante, sonoplastia bem pensada, cenário simples, mas que cumpre seu papel, e atuações maravilhosas. A peça tocou em temas como intolerância religiosa, preconceito, o que é o amor e a força que a família exerce sobre nós e que influenciam nossas escolhas.
A peça estava se não lotada, muito cheia. Aquilo me animou por ser em plena terça-feira às 21h. As pessoas aplaudiram em pé ao final e o feedback foi muito positivo.
Continuem indo às peças e eventos do Festival de Teatro de Curitiba, apreciando tanto um bom espetáculo quanto um bom prato.
Até a próxima!
Eduardo Martinesco.